Chico Buarque de Holanda

"Mesmo que os cantores sejam falsos como eu/ Serão bonitas, não importa/ São bonitas as canções/ Mesmo miseráveis os poetas/ Os seus versos serão bons"

Da minha janela

(13/02/2011)

Em versão ampliada:
Da minha janela, a vida é um buraco na rua
Coberto de entulhos
É um asfalto tênue, por onde correm crianças,
Prestes a ruir
Da minha janela, a vida são carros
Parados em calçadas tortas
É infância pedinte
Casas sem requinte
Da minha janela, e não apenas dela,
A vida é o som ensurdecedor dos porta-malas abertos
Sem malas, decerto
Barulho sem fim, sem fins, aos fins de semana
Da minha janela, a vida são gritos pedantes
Desencontro de amantes
São crianças pilotando motos
Compradas com dinheiro próprio, não digo como
Da minha janela, a vida é uma fresta de céu
Cobrindo uma fresta de vida
De uma gente não assistida
Senão da minha janela

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