Sete estrofes de sete versos de sete sílabas poéticas:
Confronto
De um pouco desse passeio
Vou te dizer o que eu vi:
Eu vi reinar o receio
E confrontarem-se ali
Cores e roupas e estilos,
Com permissão pra invadi-los,
Entramos para os ferir.
Vi uma gente de branco
Fazendo, o branco, o efeito.
E até direi, pra ser franco,
Que vi no branco o defeito.
Chamando tanta atenção
Que faz no orgulho a lesão
E acende o ódio no peito.
Lixo nas ruas de terra
E esgoto sob o varal.
Em sinusóide ele erra,
Seguindo o curso normal;
Perfuma as roupas que secam:
São seus dejetos que pecam
Por esparzir esse mal.
Senti, naquele lugar, —
E é tão estranho dizer —
Que visitava o meu lar,
Mas ostentando um poder
Tão ilegítimo e frio,
Garboso e cheio de brio,
Que me é impossível soer.
Se tenho lama em meus pés
Devo limpá-los primeiro,
Antes que um outro revés
Suje o meu corpo inteiro,
Antes que todo o caminho
Por onde andei tão sozinho
Revele o meu paradeiro.
Quero livrar-me do mal.
Longe de mim, tentação!
Perdão, oh, Pai divinal,
Mas não me destes o pão!
Todo este yin e yang,
Um lado forte, outro exangue:
É Tua lei, Teu bastão.
Tirei, por fim, deste dia —
Que não foi feito pra mim —
A conclusão de que iria
Permanecer sempre assim:
A registrar num caderno
O contrastar sempiterno:
Deus e Diabo sem fim
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